Acusado de torturar mulheres e criança em MT dribla sistema para escapar de monitoramento e tem pedido negado para retirar tornozeleira
TORTURA | 28/01/2021 13h 53min

O agente penitenciário Edson Batista Alves, acusado de torturar mulheres com quem ele se relacionava e quebrar o braço de uma criança de 6 anos, em Cuiabá, teve o pedido de retirada de tornozeleira negado pela 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça (TJMT) nessa quarta-feira (27).
Edson chegou a ser preso em novembro de 2019, na época dos crimes, mas atualmente responde em liberdade sendo monitorado pelo equipamento, além de cumprir medidas cautelares para segurança das vítimas.
O advogado dele, Marciano Xavier, entrou com pedido na Justiça de Mato Grosso para que Edson ficasse livre da tornozeleira. Ele alegou que o agente sofre constrangimentos pelo uso do equipamento já que trabalha no sistema prisional do estado.
Criança teve o braço quebrado pelo acusado — Foto: TVCA/Reprodução
No entanto, os desembargadores não concordaram com os argumentos e justificaram que o monitoramento é necessário para segurança das vítimas e controle da localização do acusado.
No julgamento, o advogado disse que o botão do pânico de uma das vítimas disparou 23 vezes, mas argumentou que parte desses acionamentos ocorreu porque o agente e a mulher estavam próximos um do outro sem terem conhecimento.
Ele justificou três desses disparos onde o agente estaria em um mercado e em casa, dormindo. Para os desembargadores, o agente teria cometido o chamado ‘envelopamento’ da tornozeleira eletrônica.
Menino foi queimado com água quente pelo agente — Foto: TVCA/Reprodução
Nessa prática, a pessoa monitorada burla o sistema e corta o sinal de monitoramento quando cobre o equipamento com papel alumínio.
O desembargador e relator do processo, Juvenal Pereira dos Santos, afirmou que ‘não há evidências que comprovem que a tornozeleira esteja atrapalhando as atividades do agente’.
“No caso dele, são crimes de tortura. Ele se mostra uma pessoa com transtornos psiquiátricos. O histórico de violência doméstica dele é gritante e nós temos que preservar a integridade da vítima”, observou o desembargador.
Os demais desembargadores também lembraram que o agente teria saído do município onde mora, Pedra Preta, para ir até Rondonópolis supostamente para atendimento médico. No entanto, essas saídas não teriam sido comunicadas à Justiça e são parte das medidas cautelares que ele deveria seguir.
O caso
Edson ficou 81 dias preso após a denúncia da vítima. Atualmente, ele aguarda julgamento em liberdade. O agente responde a outros processos criminais por violência contra mulher em Mato Grosso, nas cidades de Barra do Garças, Pedra Preta, Alto Araguaia, Sinop e dois deles em Cuiabá.
Mulher era espancada e ameaçada — Foto: TVCA/Reprodução
As vítimas estavam com vários hematomas pelo corpo. Elas relataram que, além de socos e chutes, eram espancadas com fio de carregador, cabo de vassoura e até queimadas com água quente.
A mãe da criança namorou Edson por três meses e saiu de Rondonópolis para a capital para visitá-lo há duas semanas.
Ela disse à polícia que desde que eles chegaram foi mantida trancada em casa e o suspeito passou a ser agressivo.
A criança afirmou à reportagem que Edson chegou a colocar a cabeça dela na privada durante as agressões
Vítimas dizem que foram obrigadas a tatuarem nome do policial — Foto: Divulgação
O menino disse ainda que fingia dormir quando a mãe era espancada. No entanto, nesta semana, o padrasto percebeu que ele estava acordado e o espancou. Além dos hematomas, o menino teve o braço quebrado.
A criança foi encaminhada desacordada ao hospital.
Outras vítimas do agente penitenciário disseram que foram obrigadas a tatuarem o nome dele.
Elas também denunciaram que foram espancadas e humilhadas. Durante as agressões, ele as obrigava a pedir desculpas a ele.
Histórico
Segundo as vítimas, Edson marcava o horário com o tatuador, as buscavam em casa e as levavam para que fizessem a tatuagem. Com medo de serem espancadas, elas não se recusavam.
Ao todo, seis ex-namoradas e ex-mulheres fizeram denúncia contra ele à polícia. Todas elas foram obrigadas a tatuarem o nome dele. Uma delas tatuou o nome e o sobrenome: "Edson Alves", seguido de um coração.
Outra disse que ele as obrigava a beber a urina dele e chupava o sangue delas.Uma das vítimas registrou quatro boletins de ocorrência contra o agente.
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Fonte: G1 MT